No meio de Dezembro alguém chegou com uma grande idéia: "Vamo passar o Natal em Darjeeling?!". E a gente: "Darjeeling? Que que é isso?". E assim começou nossa jornada ao coração dos Himalaias.
Como eu descobri depois, Darjeeling é uma pequena cidade no topo de uma das montanhas que rodeiam os picos nevados em torno do Kangchenjunga, o terceiro pico mais alto do planeta, somente atrás do Everest e do K2. É a principal cidade de um região de mesmo nome que inclui várias outras pequenas cidades de montanha na parte mais a nordeste do estado de West Bengal, na Índia. Darjeeling é famosa por seus deliciosos chás de alta qualidade, que são exportados para o mundo todo. Pesquisando mais, descobrimos que outro destino bastante interessante ali por perto seria Gangtok, capital do estado de Sikkim, ainda mais para o nordeste, que possui um mix de população, natureza e cultura bem diferente do resto do país.
A primeira dificuldade foi achar transporte até lá. Não há rotas de trem diretas até Darjeeling, mas a maioria das pessoas pega um trem até Siliguri, uma cidade na mesma região, e então contrata um jipe ou compra lugar em um para a viagem de mais ou menos 5 horas entre as montanhas até Darjeeling. O problema, como descobrimos, é que apesar do fato de a imensa maioria dos indianos não comemoraram o Natal, a data cai bem no meio de um feriado de fim-de-ano que eles tem. Muita gente então corre para as cidades de montanha para curtir o frio e o ar puro, bem como no Brasil acontece com Campos do Jordão ou cidades do gênero. Resultado: não havia nenhum lugar nos trens perto das datas que nos convinham, mas poderíamos correr atrás de ônibus. Também não havia vagas em hostels baratos e convenientes pela internet. Para completar, todos os indianos que conhecemos tinham posições EXTREMAS a respeito da nossa viagem: ou diziam que era tranquilaço, podíamos ir lá sem medo que ia ser fácil achar transporte, acomodação e roupas quentes e baratas lá, OU que, se fôssemos sem reservas de hotel/transporte, nós iríamos dormir na rua, ser assassinados ou congelar.
Sem saber direito o que pensar, chegamos num meio-termo: fizemos reservas de um hotelzinho mais ou menos barato para as primeiras duas noites em Gangtok, compramos a passagem de busão, e deixamos a decisão sobre as outras noites para quando chegássemos lá e sentíssemos a situação real. E assim nos pusemos em marcha para o norte!
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Julia, Ana, Kawshi and Anahí being pretty on the bus |
A viagem de ônibus até lá merece um capítulo à parte na história. Nós havíamos pago um bilhete bem caro, de 1.100 rúpias (um pouco mais de 20 dólares), por um ônibus confortável, com ar-condicionado, para a viagem de (supostamente) 12 horas entre Kolkata e Siliguri. Então descobrimos a dura verdade - na Índia, nada é o que parece. Pra começar, assim que chegamos na parada do ônibus, descobrimos que nosso ônibus havia sido cancelado, e nossas reservas transferidas para outro ônibus, sem banheiro e muito pior, que partiria 2 horas depois. Por alguma razão inexplicável, eles ainda nos cobraram 500 rúpias a MAIS de cada um por essa bela mudança. Depois de alguma agressividade controlada, conseguimos "convencê-los" de que ELES é que nos deviam 500 rúpias. Pegamos o dinheiro de volta e fomos para o ônibus.
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Bending leg and neck in my shared bunk |
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Me, preparing myself for spooning time |
Eu, a Anahí (México), a Kawshi (Austrália), Julia (Alemanha) e a Ana Carolina (Brasil) estávamos alocados no mesmo ônibus. Todas as garotas tinha assentos comuns, mas descobri que o meu lugar era um
sleeper, uma espécie de cama que é colocada acima das cabeças dos outros passageiros sentados, e onde na teoria se pode deitar confortavelmente e ter uma bela noite de sono no caminho. Fiquei felizão, subi no meu e pensei: "Hmmm, isso aqui é pequeno demais pra mim... Mas tudo bem, me aperto um pouquinho e dá pra encarar". Então, para o meu infinito espanto, um respeitável senhor indiano me informou de que o meu "pequeno" espaço era na verdade para DUAS pessoas, e que eu teria que dividí-lo com ele. Vocês podem ver meu feliz arranjo nas fotos ao lado.
Não satisfeito com fazer eu dormir de conchinha com o senhor indiano, o universo tinha mais para mim. Como podem ver, havia uma espécie de porta-trecos aos nossos pés, que usamos para colocar a água que trouxemos para a viagem. A estrada era tão acidentada, porém, que o plástico de uma das garrafas rompeu, e de repente percebi que meus pés e meias estavam completamente ensopados, em um frio de 5 graus. Só pra salientar como a coisa era pessoal para comigo, meu coleguinha indiano era baixo demais para ser afetado por esse "pequeno" contratempo. Ali eu aprendi que uma das coisas mais importantes da vida são MEIAS SECAS.
Como não poderia deixar de ser, nossa viagem de 12 horas levou 16, mas finalmente chegamos em Siliguri perto do meio-dia. Lá, rapidamente procuramos contratar um jipe para nosso grupinho de 10 pessoas, e logo estávamos na estrada de novo. A partir daí as coisas melhoraram consideravelmente. O smog que cobre quase todas s cidades indianas que visitei foi ficando menos espesso, até desaparecer por completo. As casas e lojas do lado da estrada viraram uma linda floresta, e passamos a ver macacos em toda parte. A estrada ficou mais íngreme, a nos deparamos com vistas lindas de florestas, rios, montanhas e abismos, pontilhados com pequenas vilas e templos.
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All the gang |
Nosso motorista parou na fronteira dos estados de West bengal e Sikkim, para que pudéssemos pegar nosso
permit. O estado de Sikkim era um reino independente até 1975, quando foi incorporado ao país, e até hoje é um território disputado entre a Índia e a China. Por causa disso, todos os estrangeiros que querem entrar no estado precisa obter uma espécie de visto interno, assim como na Caxemira no lado oeste do país. Para nós foi um procedimento bem tranquilo e rapidinho, e logo estávamos a caminho de novo.
Chegamos em Gangtok ao anoitecer, e fomos diretamente ao hotel, e depois procurar o que comer. Estávamos muito cansados e famintos após passar 24 horas sem comer nada além de batatinha, biscoto e chá/água. Nossa felicidade foi infinita quando, contra todas as probabilidades em um lugar tão remoto, encontramos um restaurante com comida ocidental onde nos empanturramos de pizza (indiana, mas ainda assim pizza), macarrão, chocolate quente e outras coisas. Ficamos tão estufados que só conseguimos mesmo voltar pro hotel e desmaiar de sono. No dia seguinte, estávamos prontos para explorar Gangtok.
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Incredible view from Gangtok |
Por causa de sua história, Sikkim é um estado bem diferente do resto da Índia. Sua população é bem diferente dos outros indianos, já que o estado faz fronteira com a China, o Nepal e o Butão, e tem muitas pessoas com descendência desses países lá. O budismo é a religião prevalente, apesar da presença do hinduísmo. É também considerado o estado mais ambientalmente correto da Índia - sacos plásticos são banidos, e é proibido fumar em todo o território. A cidade é bastante limpa e bem-cuidada, e há latas de lixo em todo lugar (elas são praticamente inexistentes nos outros lugares), as as pessoas praticamente não jogam lixo no chão ou cospem na rua lá.
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Ganesh Hindu temple |
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Shy little boy at the monastery |
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Tibetan museum and Buddhist temple |
Contratamos um carro que nos levou a um bonito templo/museu tibetano, onde aprendemos mais sobre a história do Tibet, e vimos alguns artefatos budistas/tibetanos, tudo bem interessante. Depois fomos em um passeio no bondinho de Gangtok - menos impressionante do que parecia, mas ainda assim interessante poder ver a cidade e o vale de cima. Em seguida, pegamos uma longa estrada morro acima para ver dois monastérios budistas que tinham belas vistas das montanhas, além de serem interessantes eles próprios. No primeiro, havia uma bandeira tibetana hasteada, como podem ver na foto - a Índia abriga o governo tibetano no exílio, que é liderado pelo Dalai Lama, e o direito ao uso da bandeira é assegurado em alguns lugares e edifícios de interese tibetano. Depois dos monastérios, fomo ver o pôr-do-sol em um mirante próximo, que estava lotado de turistas indianos. Assim que nos viram, todos começaram a tirar fotos, especialmente das garotas, e um senhor indiano começou a falar em casar o filho dele com a Ana, nossa diva brasileira. Ela fez o maior sucesso lá, e eu tenho um vídeo com um monte de indianos literalmente fazendo fila para tirar fotos com ela.
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Us and Ana's future father-in-law |
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Being AWESOME at the temple |
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Buddhist temple flying the Tibetan flag |
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Gangtok's cable car line |
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Buddhist prayer rolls
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Cute girl and ger dad posing with master Buddha |
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Silver and turquoise handicraft |
À noite visitamos a principal rua do mercado de Gangtok, para comprar souvenirs e coisinhas. Haviam acessórios muito bonitos feitos de prata e turquesa, e outras pedras, e uma multitude de penduricalhos, estatuetas, pinturas e muito mais. Era noite de natal então decidimos fazer um amigo secreto no nosso grupinho. Infelizmente, a Julia estava passando um pouco mal e não pode se juntar a nós, mas ela estava em nossos corações... Fomos para um bar-Karaokê em um hotel próximo, trocamos presentinhos e impressionamos a audiência com nossas performances das pouquíssimas músicas em inglês disponíveis. Por mais que todos vocês fossem amar minha maravilhosa performance de Pinball Wizard, do The Who, felizmente não há evidência registrada dela.
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Pimpin' my way with the hoes, like a boss |
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Sad face after the denied double kiss |
Na manhã seguinte, contratamos outro jipe para Darjeeling. Por mais que todos tivessem nos dito sonbre a beleza do lugar, nada me prepararia para ter os maravilhosos picos dos Himalaias me dando bom dia na varanda do nosso quarto de hotel.
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The view from our balcony. No words needed. |
Gastamos o primeiro dia explorando a cidade e apenas andando, e decidimos fazer uma pequena festa brasileira no hotel. Sabe como é, brasileiros curtem uma festa pesada, e... bem, é suficiente dizer que das 10 pessoas que tinham marcado de ir ver o nascer-do-sol nas Tiger Hills na manhã seguinte, apenas 2 estavam em condições de fazê-lo, meu laptop teve sua tela quebrada por um pé descuidado, e há boatos de que havia um cara molhado e sem camisa na varanda, no frio congelante, por mais de meia hora.
Na manhã seguinte, e com "manhã" quero me referir a algo entre meio-dia e uma da tarde, estávamos prontos para mais travessuras. Nos separamos para atividades diferentes, e eu e mais dois outros fomos ao posto de atendimento de uma empresa de paragliding para checar a disponibilidade de vôos pelo vale, que com certeza ofereceriam uma vista fantástica. Felizmente para o grupo, haviam vários disponíveis. Infelizmente para mim, eu não poderia voar por ser muito grande para o equipamento deles. Mal posso dizer como fiquei chateado - a ideia tinha sido minha... Droga!
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Incredible moments are made by incredible people. From back to front: Diego (Brazil), Liz (Costa Rica), Kawshi (Australia), Juanita (Colombia), Fernanda (Brazil) and myself. |
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The trail to Happy Valley |
Depois de acertar o paragliding para alguns, encontramos a maior parte dos outros e resolvemos caminhar até o Happy Valley (Vale Feliz, onde há plantações de chá. A garota que esteve lá mais cedo disse que eles também plantam maconha - talvez o nome venha daí). Começamos a descida da montanha por ruazinhas estreitas e apinhadas, perguntando o caminho para todo mundo, até acharmos a trilha que nos levaria ao campo. Mas nunca chegamos lá. A vista era tão incrível que parávamos a todo instante para fotos, e ao anoitecer ainda estávamos no meio do caminho. Decidimos simplesmente sentar na grama, e ficar lá aproveitando a vista do pôr-do-sol e a companhia uns dos outros, ficando felizes pelos presentes da vida e da natureza.
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Livin' the good life. |
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Basking in sunset's glory |
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Yeah, the sun was pretty much showing off |
Levamos bastante tempo no caminho de volta morro acima, e estávamos bem cansados quando chegamos no centro de Darjeeling de novo. Passeamos mais um pouco e voltamos para o hotel.
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Freezing... |
Aqueles de nós que não conseguiram ir ver o nascer-do-sol na manhã anterior acordaram às 3 da matina para pegar um jipe às 4 para o topo das Tiger Hills. Estava um frio de rachar, e levamos tanta proteção quanto nossas roupas permitiam, e ainda levamos uns cobertores do hotel para dar uma ajuda. O caminho até lá em cima foi tranquilo e estávamos sonolentos, mas foi só chegarmos e sairmos do jipe para o incrível frio nos acordar, bem acordados. Fomos com o jipe até onde dava, mas ainda tivemos que andar uns 15 minutos até o cume.
Toda a experiência do nascer-do-sol foi desconfortável no começo - estava inacreditavelmente frio e ventoso, e muito lotado de pessoas se empurrando para conseguir o melhor lugar - e em seguida mágico. Acho que é uma boa metáfora para a experiência de Índia com um todo: extremamente difícil e desconcertante, mas cheia de magia e tesouros para aqueles que forem fortes o suficiente para encará-la. Nunca vou esquecer a antecipação crescente enquanto o céu gradualmente clareava, e em seguida algo como uma extrema fascinação e excitação conforme o sol começava a nascer. Foi extremamente lindo, e emocionante. Pessoas começaram a gritar quando o sol apareceu, e o maravilhoso panorama foi se desenhando e se tornando visível para nós. Os picos nevados à distância, os belos vales, as cidades e vilas no pé das montanhas. Foi um momento para guardar para sempre, e imagino como seria maravilhoso viver isso de novo, mas desta vez sozinho e em um humor mais contemplativo. Não espanta que monges de todas as religiões escolham construir seus monastérios nessas regiões - acho que nenhum outro lugar do mundo te dá uma melhor vista das maravilhas de Deus (ou dos deuses...), e uma conexão mais profunda com os mistérios dentro de nós.
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People waiting for the show to start |
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And it starts... |
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... and reveals amazing things. |
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Panorama of the situation. Not bad, huh? |
Andamos para o jipe, e começamos o caminho de volta. Eu e a Juanita, nossa querida colombiana, descemos do carro no meio do caminho, em um interessante monastério budista, onde encontramos com a Anahí, que estava lá desde cedo. Gastamos o resto da manhã lá, entre orações e monges. Um deles era muito gente voa, e nos levou para um tour privado do lugar - ele nos mostrou a sala onde eles recebem os peregrinos de todas as partes da Índia e do Nepal e lhes dão comida e um lugar pra descansar. Ele também nos mostrou o ritual para nos aproximarmos do Lama do lugar, o mestre espiritual do budismo. O engraçado da situação é que estávamos esperando um velhinho vivido com olhar plácido, mas o Lama era um caroto de uns 16 anos. Depois do espanto, nossos conhecimentos voltaram a nós: enquanto no hinduísmo os gurus são senhores vividos e estudados, no budismo os Lamas são a reincarnação de antigos mestres, e são reconhecidos pelos outros Lamas logo ao nascer. Nosso Lama adolescente nos deu uma benção silenciosa, um cordãozinho vermelho para proteção, e foi isso.
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The "oops-forgot-the-name" Monastery |
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View from the monastery, with prayer flags |
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Pilgrims in prayer |
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The monk teaching us how to recite mantra-beads |
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My little new friend at the monastery |
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Anahí, Juanita and I |
Deixamos o monastérios e andamos morro abaixo por uma hora até o hotel, onde só tivemos tempo de comer alguma coisa, encontrar os outros, arrumar as malas e partir para Siliguri, onde pegaríamos o ônibus de volta para Kolkata. Demos adeus para Darjeeling, jóia dos Himalaias, e pegamos a estrada novamente.
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The walk downhill |
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Farewell, Darjeeling... |
Em Siliguri, mais "surpresinhas" com o transporte indiano: nosso ônibus estava agendado para as 6h30 da tarde, mas não chegou em Siliguri até as 10. Para passar o tempo, procuramos algum lugar para sentar e beber alguma coisa, e achamos um lugarzinho com o interessante slogan de "restaurante familiar" embaixo do nome. Entramos, e o bar principal tinha uma iluminação meio estranha, em tons de roxo e rosa. Sentamos lá por um tempo, e começamos a ter a sensação de que não éramos muito bem-quistos no lugar. Então uma das meninas foi ao banheiro e decobriu a verdade - o lugar era uma especie de bordel, e nós tínhamos várias garotas no grupo. Logo pegamos nossas coisas e fomos embora, um pouco desconcertados com o irônico "restaurante familiar".
Nosso ônibus finalmente chegou, e começamos a loga jornada de volta. Dessa vez eu tinha um assento normal, o que era ruim, mas pelo menos não intolerável. Eu estaria bem desconfortável no mesmo assento, se não tivesse passado pela experiência da viagem de ida, mas estava bem contente - tudo na vida é mesmo uma questão de perspectiva... A viagem de retorno durou ainda mais que a outra - umas 20 horas. Em algum ponto da tarde, o ônibus parou abruptamente. A maioria desceu pra ver o que acontecia - um ônibus virou uns 500 metros à frente do nosso, e estava bloqueando a estrada. Felizmente, não havia mortos, mas haviam alguns feridos. Não tínhamos como ajudar, então só esperamos. Achamos que iríamos ficar muito tempo lá, porque viriam ambulâncias, e a polícia, e haveriam fotos, perícia, entrevistas, inquéritos e tudo o mais que haveria com um acidente deste porte no ocidente. Mas a Índia não funciona assim, baby, ah não. Algumas "ambulâncias" (mais para rickshaws brancos) vieram e levaram os feridos. Então, uma centena de indianos simplesmente se aproximaram do ônibus caído, e com as próprias mãos desviraram a bagaça. Com o ônibus em pé, simplesmente empurraram-no para o barranco ao lado da estrada, e foi isso. A estrada estava livre de novo, e segue a vida. Eu estava tão fascinado com a situação que esqueci de tirar fotos, sorry.
Me ocorreu que o ônibus virado poderia facilmente ser o nosso. Enquanto estávamos esperando, conhecemos um britânico que estava em outro ônibus. Ele vem à Índia, e especificamente para West Bengal, quase todo ano, e tem feito isso pelos últimos 30. Havia uma segunda faixa da rodovia em construção ao lado da nossa. Ele olhou o acidente, e depois para a estrada em construção, e disse: "Pelo menos estão construindo uma outra faixa...". Concordamos. Ele continuou: "E provavelmente será uma boa rodovia... E então eles simplesmente dirigirão ainda mais rápido e mais loucamente. E tudo só vai piorar". Ninguém contra-argumentou.
After more long hours in the bus, we finally reached Kolkata. We went to a Pizza Hut to celebrate the success of our journey and then, tired but happy, went home and back to our "normal" Kolkatan lives.
Depois de muitas mais longas horas no ônibus, finalmente chegamos em Kolkata. Fomos para uma Pizza Hut para celebrar o sucesso da nossa jornada e, cansados mas felizes, fomos para casa e de volta às nossas vidas "nomais" em Kolkata.
Sentirei saudades de Darjeeling, Sikkim e das montanhas.